terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Eu não odeio meu pai



Eu não odeio meu pai. Sinceramente eu não odeio meu pai.

Eu não odeio o fato dele não estar no dia do meu nascimento (três dias antes do dele).

Não odeio o simples fato dele não estar no meu primeiro aniversario... Não odeio o fato dele não me ensinar a andar de bicicleta. Falar comigo sobre como não apanhar dos garotos na escola, nem sobre o primeiro beijo que dei na menina doida que gostava de mim. Eu não odeio meu pai pelo fato de ele nunca estar presente no meu natal, ano novo e principalmente na páscoa, que minhas tias humilhantemente tentavam ocupar o lugar dele.

Eu não odeio meu pai pelo fato de eu querer ser branco, pelo simples fato da família dele serem todos brancos e sermos negros(eu e minha irmã).

Eu não odeio meu pai pelo fato dele me largar na casa de minha avó por boa parte minha vida.

Eu não odeio meu pai pelo fato de ter uma infância fodida, escrota e sem nenhum referencial de pai... CRESCI...

Eu não odeio meu pai por ele ser um babaca, por ele querer se aproximar... Eu não odeio meu pai hoje porque ele vive dizendo de como ele curtiu a vida dele... (quando eu era criança). Dizer quantas mulheres ele pegou e ou quantas praias desertas ele foi.

Eu não odeio meu pai por ele vir na minha casa todos os domingos e dizer isso na minha cara... Como se fosse um amigo dele... (ele se esquece de que estar falando com o filho?)

Eu não odeio meu pai pelo fato dele ir ao meu casamento e não ter me dado nem um real e nem perguntado o quanto ele poderia ajudar, no entanto ele estava lá cheio de pompa e verdades!

Eu não odeio meu pai pelo fato dele ter me ligado este ano me desejando parabéns. ( e os ou 29 anos que ele não ligou).

Eu não odeio meu pai por hoje eu não ter pai, que corrija, reprima ou oriente, esse pai nunca tive acho que nunca terei. Graças à ausência do meu pai, (o pior é que reclamam do alto índice de violência no mundo...

Eu sinceramente não odeio meu pai, mesmo ele bebendo minha cerveja, comendo meus petiscos ou falando abobrinhas... Ou pelo simplesmente ele ser meu pai...

Enzo de Marco