sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Nada de novo no Front





No front tudo aquilo que se move é perigoso e o medo é a única coisa que nos mantem vivos, nas faces lama suor e sangue se misturam, de longe percebe-se a movimentação do inimigo e sua aproximação é eminente do meu lado sinto que o medo vai dominando o coração de todos os meus companheiros do batalhão.Há muito sangue e corpos no campo de batalha o cheiro já esta insuportável, vejo corpos de pessoas conhecidas . Num lapso de memória lembro-me do primeiro maldito inimigo que matei : Era uma tarde de terça estávamos indo para uma outra região chovia bastante estamos brincando com John era um grande piadista do grupo ele tinha acabado de nos contar uma piada quando ouvimos o primeiro disparo e vimos nosso companheiro caído após receber aquele maldito disparo. Nem deu tempo de pensar como num impulso reativo joguei-me no chão e pressionei meu gatilho atirando a esmo, era minha primeira vez que atirava com a intenção de matar um ser vivo, até então para mim a guerra era uma grande brincadeira uma imensa aventura...
Lá estava eu procurando em quem atirar, vi de relance um capacete, aquele era meu algoz meu dever era vingar meu amigo John. Mirei no capacete pedi forças a Deus e com um tiro perfeito acertei em cheio o capacete do maldito inimigo. Vinguei John , numa mescla de fúria e felicidade fui correndo avisar ao jovem companheiro , vi muito sangue e pedaços de viceras John , sua barriga estava toda aberta , Carl tentava desesperadamente colocar as viceras de seu amigo para dentro. Ao ver aquela cena a tontura chegou o gosto azedo de vomito veio em minha boca. Me recordo do choro dele pedido para volta para casa. Aquela cena nunca saiu dos meus sonhos , não tem sequer um único dia que essa imagem não sai da minha cabeça , e por que agora , logo agora em meio a essa batalha essa lembrança veio me assombrar...
Fui despertado desse pesadelo com uma terrível explosão e um clarão que por alguns segundo havia me deixado cego, quando consegui enxergar algo foi uma cena horrível vi braços e pernas de meus companheiros, tirei algo de cima de mim , era uma perna... Já não tinha medo a minha morte era eminente , aceitei-la , Queria dar um fim naquela grande loucura... Sem temor tentei levantar em meio ao fogo cruzado não consegui e ainda atordoado senti um grande impacto no meu ombro e outro no meio do peito , cair no chão e era uma dor incrível golfava bolas de sangue , por um momento pensei na minha família , senti algumas lagrima escorrer dos meus olhos e se misturarem com o sangue, aos poucos a dor foi acabando e a paz foi me invadindo....
Enzo de Marco

Um comentário:

gilson figueiredo disse...

Caro, leia depois Nada de Novo no Front do Erick Maria Remarque ou Erich Maria Khramer: o romance tem o mesmo título desse seu post que não li. Veja o romance, é lindo.